9/8/05

Ando com pés atolados e cabeça que flutua.
A memória vai ficando preguiçosa, indiferente, talvez porque o presente passa apressado demais... passado e futuro comandam os sentidos de maneira que a vida cavalga ligeira, escorregando entre os dedos todos, atropelando a própria sensação de tempo e fazendo com que o tempo nada mais seja do que aquilo que passa ou vem, nunca aquele em que se está.
Sou tempo passando...
Não paro. Sou ponteiro de relógio. Sou água de rio.
Meu cavalo não tem rédea nenhuma.
Sou tempo passando...
Cada dia é exatamente aquele que eu queria que o fosse ontem ou mesmo aquele que se fará amanhã.
Aposto em meu vacilo-cego porque meu acerto sempre erra.
Sou tempo passando...
Ninguém mais acredita em mim.
Sou barco amarrado numa ilha deserta, com corda velha e roída pelo tempo, em leves balanços cuja maior distância a percorrer é um pra cá e um pra lá.
Sou tempo passando...
Cidade pós-terremoto. Caótica, indisciplinada, desajustada.
Sou tempo passando...
Tomo um banho farto e vejo que estava limpa... mesmo assim, banho necessário, banho de alma e graça, banho de aconchego.
Sou tempo passando...
Apago a luz. O dia de amanhã será exatamente aquele que eu quero e o dia que passou foi exatamente aquele que eu quis... Onde mesmo foi parar o dia de hoje?!

3 comments:

Bárbara Lia said...

oi selma! eu também acho que ninguém mais acredita em mim...
beijão

Mayra Cunha said...

O dia de hoje é o que a gente faz com que ele seja. gostei daqui.

beijo grande. bom te reencontrar.

Briza said...

amo tu. tanto, tanto. que nem cabe aqui.


"Abençoados os que esquecem, porque aproveitam até mesmo seus equivocos"- Nietzsche